terça-feira, 1 de dezembro de 2009

LEI SECA x NOITE PAULISTANA

Queda de até 30% assusta o comércio noturno de São Paulo



As noites paulistanas não serão mais as mesmas. Entrou em vigor no dia 19 de junho a lei 11.705/2008, conhecida popularmente como “Lei Seca”. Desde então, sua implantação tem gerado controvérsias. Se por um lado da ordem judicial visa diminuir o número de acidentes no trânsito, por outro interfere no faturamento de bares e casas noturnas além de, indiretamente, afetar o emprego de muita gente.
Na grande São Paulo, bares de diversos pontos foram pesquisados e todos foram categóricos ao dizer que o movimento caiu, apesar do foco principal da fiscalização ser os bairros mais “tradicionais” onde acontecem as baladas paulistanas como: Vila Olímpia, Moema e Vila Madalena.
Tanto proprietários quanto consumidores reclamam da rigidez da lei. Em declaração pública a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) se diz contrária à lei, um dos argumentos seria que a lei é inconstitucional por “contrair o artigo 5º, inciso LXIII da Constituição Federal e obrigar o cidadão a produzir prova contra si mesmo, ao ter que soprar o bafômetro”.
A associação comparou a lei brasileira com as leis dos países como: Jordânia, Quatar e Emirados Árabes. Afirma ainda que a lei transforma cidadãos comuns em marginais e assassinos, mas frisa também que não é contrária as punições, mas que elas não devem ser tão rígidas.
Para o advogado Ricardo Casal a lei está correta “cada organismo tem seu limite de tolerância, uns para mais, outros para menos. Naturalmente na hora de sancionar a lei, temos que ir pelo limite sempre menor”.
Sendo obrigados a não exceder o limite de seis decigramas, ou seja, 0,6 gramas de álcool por litro de sangue permitido, os consumidores têm que tomar cuidado, pois um copo de bebida alcoólica pode variar para cada organismo dependendo de variáveis como peso, sexo, a velocidade que bebeu, se estava em jejum e acarretar para quem estiver dirigindo em infração gravíssima, multa de R$ 955,00 e a suspensão do direito de dirigir durante um ano.
O advogado ainda afirma “a punição por crimes ocorridos por pessoas embriagadas não está correta”. Os próprios funcionários dos bares e das casas noturnas seguem com a mesma opinião: a lei seca foi boa, porque as mortes causadas por pessoas embriagadas estavam muito altas, porém a aplicação das penas está muito rígida.
“De acordo com o que acontece quando há excesso de álcool ao volante sim, concordo com a lei, mas acho injusto a pessoa que tomar uma cerveja só ser prejudicada!” Diz Claudinei, garçom da Cachaçaria Gogó da Ema, no Butantã.

Os estabelecimentos estão se adaptando a nova lei
Com o intuito de não perder os clientes e evitarem a demissão de seus funcionários, alguns bares e casas noturnas estão fazendo parcerias com taxistas e contratando motoristas.
O Bar Penélope criou uma estratégia de marketing, para fidelizar seus freqüentadores. Os clientes que consumirem mais de R$200,00 reais, terão a sua disposição um serviço de motorista. “Nos finais de semana nós temos motorista e moto-boy, o motorista leva o cliente e seu automóvel e o moto-boy segue, para trazê-lo de volta ao estabelecimento” diz Morgana, chefe de segurança do bar Penélope, na Vila Olímpia. Para aqueles que não consomem esse valor, o estabelecimento cobra uma taxa de R$ 20,00.
Outro problema pós-lei é a gorjeta dos garçons. Como explica Luiz, garçom do Bar do Zé, em Moema. “Nós ganhamos muito com a ‘caixinha’, mas como o movimento caiu, ela não vem. Sem contar que quando a pessoa bebe um pouquinho a mais da sua cota, ela fica mais legal na hora de dar nossa gorjeta. Agora isso acabou”.
Outra coisa que tem se percebido em São Paulo é que os barzinhos localizados em bairros residências tiveram um aumento de seus rendimentos. Segundo o garçom Jair Barboza as pessoas começaram a freqüentar mais os bares próximos a suas casas e assim não têm a necessidade de irem embora dirigindo. “É só atravessarem a rua e já chegaram”, comenta.
A prefeitura disponibilizou algumas linhas especiais que irão circular entre as 23h30m e 04h00m, nas regiões da Vila Madalena, Moema e Pinheiros. Esses horários foram definidos conforme pesquisas entre clientes, feita pela prefeitura de São Paulo.
Quem está comemorando a implantação da Lei são os taxistas. Segundo eles, nas regiões onde ocorrem com freqüência as blitz da polícia com o bafômetro, o movimento aumentou muito após as 22h00m.
A lei seca é muito recente, mas o comércio sentiu os efeitos causados rápido, mas os clientes terão que se adaptar da melhor forma possível, seja utilizando os serviços que os barzinhos estão promovendo ou elegendo entre os amigos, o motorista da noite que irá consumir somente sucos e refrigerante - assim todos, clientes e estabelecimentos aproveitarão muito bem a tão badalada noite paulistana.
Colaboraram com esta reportagem
Letícia Líbero
Maria Tatiana
Marilene Primavera

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